Via crucis da testagem para Covid: governo, médicos, planos e laboratórios são os primeiros a atrapalhar
O governo (federal, estadual e municipal), em todo país, planos de saúde, médicos e entidades ligadas à medicina, além dos laboratórios, têm atrapalhado os brasileiros a realizarem a testagem para a detecção da Covid-19.
A doença não tem cura, não tem vacina, é agressiva e letal.
Hoje, o meio mais eficaz é evitando sua disseminação pelo isolamento social e também pela testagem massiva das pessoas.
Só testando todo mundo e muitas vezes é que poderá se descobrir quem está contaminado e daí partir para outras políticas, como de isolamento social e quarentena.
Então, em cada esquina deveria ter exames gratuitos em massa pagos pelo governo, sem qualquer burocracia. Certo? No Japão e na Korea do Sul chamaram esse tipo de teste de drive-thru. Pode se fazer dentro do próprio carro.
Aqui no Brasil não se faz e nunca se fez. Só promessa, desde março.
Os exames são caros e o governo deveria investir nessa estratégia. Mas dá de ombros, assim como as demais entidades.
O governo faz é pior. Não testa ninguém e ainda dificulta que as pessoas façam exames por conta própria.
Dois testes são os mais populares: o PCR, por secreção do nariz, que identifica quem está doente.
E o teste rápido, por sangue, que descobre que já tem anticorpos ou não e se a pessoa teve algum contato com o vírus.
Pois bem, inventa você de fazer algum destes testes!
Nas unidades públicas, só é autorizado a fazer se você tiver sintomas ou teve contato com pessoas contaminadas. Querem economizar nas testagens, para a próxima pandemia.
Então é o jeito você se virar por conta própria. Aí começam os problemas.
Só um médico pode fazer o pedido. Nenhum laboratório faz o teste sem o pedido médico.
Vai vendo!
Para ter acesso ao médico, o paciente tem que marcar uma consulta. Se for público, já viu. Só na outra encarnação.
Se particular, você tem que pagar pela consulta ou marca pelo plano de saúde, se tiver agenda.
Após grande luta com a marcação, no cara a cara com o médico, a primeira pergunta dele é se você tem sintomas. Se não tiver, esquece, ele não vai lhe passar o pedido.
Digamos que você convença o médico de que precisa fazer o exame (é um direito seu).
Com o pedido à mão, você vai ao laboratório mais perto. Lá descobre que apenas algumas unidades estão aptas a fazer o exame para Covid.
Após achar a unidade específica, que parece um “espaço para leprosos”, você descobre que tem centenas de pessoas na sua frete, e lado a lado, grande parte contaminada, dividindo o mesmo espaço.
Como você é um cara obstinado, consegue, ao cabo de 3 horas, chegar ao balcão de atendimento.
A atendente, já acostumada com a muvuca diária dos contaminados, nem álcool em gel usa mais.
Ela solicita seu pedido médico e descobre que você quer fazer os dois exames (PCR e o rápido).
De bate pronto ela diz que os planos de saúde não cobrem o teste rápido. Só no dinheiro. Valor: R$ 300,00.
Vai vendo!
Então você decide fazer apenas o PCR.
Lá se vai mais um longo tempo dentro de uma sala com ar condicionado e cheia de pessoas, talvez com Covid, tossindo à beça, até o plano autorizar a se fazer o teste. Apenas o PCR.
Após a realização do exame, eis a dúvida. Será que você foi contaminado dentro do laboratório?
Bem, sua dúvida irá com você para casa ou para o túmulo, porque tem que fazer todo o trâmite novamente para se conseguir o teste rápido. Consulta do médico, autorização…
E depois do prazo de oito dias, que é o tempo do vírus ser detectado.
Na boa, é melhor tá em casa à espera da própria sorte.