Cultura e Poesia: “Meu corpo, minha cor”
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Meu corpo, minha cor.
Oh minha África, sinto saudade de sua beleza negra
sua sabedoria negra
Seu corpo negro
Sua religião negra
Sua pureza negra
sua sabedoria negra
Seu corpo negro
Sua religião negra
Sua pureza negra
Onde os ensinamentos de nosso Deus, era feito, era posto, era prática.
Não tínhamos papel, não tínhamos a Bíblia material como lá, pois cada pai , cada filho, colocava em prática cada ensinamento que Deus nos mostrava pela fala da natureza, pois tínhamos uma interpretação sensitiva em cada componente do grupo.
O todo se misturava no meu eu, de forma que não se sábia nunca diferenciar meus desejos, dos desejos de meu povo e da natureza de meu Deus. Na minha África preta, negra não tinha fome, comíamos alimentos frescos, a natureza e a terra era fértil, era mãe.
Cuidávamos, acariciávamos e respeitávamos a nossa mãe natureza preta, deliciando de sua saliva doce como Jabuticaba. De repente, uma luz branca queimou a menina feliz preta de meus olhos.
A luz que veio naquele maldito dia branco, como suas armas de fogo claro, quebrou toda a harmonia de minha Africa preta.
A luz que veio naquele maldito dia branco, como suas armas de fogo claro, quebrou toda a harmonia de minha Africa preta.
Diziam detentores da luz, luz que não tinha necessidade em nosso espaço negro.
Vieram com seu corpo branco, sua claridade, buscar a luz do ouro e do diamante. Os invasores Julgavam tudo que fosse preto como animal, inferior, desprezível.
Tentaram matar minha alma negra, estupraram minhas negras, nem minha terra negra foi repeitada, pois eles subtraíram de sua carne, suas células, adoecendo todo aquele sistema.
O chicote caiu, o fogo queimou mutilando todo a minha África negra. Corrente branca, chicote branco, doença branca transformou a minha pele negra, meu sorriso negro livre em sorriso branco escravo.
Rumo ao Brasil, dentro de enormes e insalubres navios negreiro, o branco deixou na minha África negra toda sua podridão, reproduzida como seu vírus branco da peste, da fome,do capitalismo e usura.
No horizonte daquele mar não tão mais lindamente preto, surge uma beleza vermelha, pura e harmônica com a beleza verde.
No horizonte daquele mar não tão mais lindamente preto, surge uma beleza vermelha, pura e harmônica com a beleza verde.
Lagrima corre dos meus olhos, pois vejo o branco, a luz e o brilho matarem também aquela beleza verde- vermelha. Sentir muito ao chegar em um lugar tão bonito não como sujeito, mais objeto usado para desfazer tão linda beleza.
Como seria bom se minha beleza negra chegasse ao Brasil, livre, liberto, sem essa luz mutiladora que quebra e devasta com tudo, como fogo de um vulcão não respeitado pelo homem.
Conversaria com pajé sem pressa, aprenderia e levaria receitas em um intercambio harmonioso e social embaixo de uma sombra de mangueira e deitado em uma rede, com uma mesa farta de acarajé, caruru, peixe assado e farinha de mandioca, pois, seriamos os dois comunistas e livres, avesso do canibalismo do capital.
Como seria bom se minha beleza negra chegasse ao Brasil, livre, liberto, sem essa luz mutiladora que quebra e devasta com tudo, como fogo de um vulcão não respeitado pelo homem.
Conversaria com pajé sem pressa, aprenderia e levaria receitas em um intercambio harmonioso e social embaixo de uma sombra de mangueira e deitado em uma rede, com uma mesa farta de acarajé, caruru, peixe assado e farinha de mandioca, pois, seriamos os dois comunistas e livres, avesso do canibalismo do capital.
Professor Márcio Sousa Silva, Paranã Tocantins.
