Moradores de rua: submundo do preconceito, do desprezo e da marginalidade


Por Jefferson Victor,
É comum, principalmente nas grandes metrópoles, número significativo de pessoas perambulando pelas ruas em uma difícil luta pela sobrevivência.
Neste submundo impera a violência, as drogas, a prostituição e a indiferença da sociedade, o que contribui consideravelmente para o agravamento do quadro.
Esses cidadãos perdem a dignidade, o senso crítico, a vaidade, os valores éticos e acima de tudo a sua valorização pessoal. São submetidos ao convívio com as drogas, a violência e suas vidas enterram aos porões da indignidade.
Subtraem de si todos os aspectos da moralidade e de todos os outros princípios básicos da valorização humana.
Para essas pessoas a rua transforma-se em hotel, os containers de lixo passam a ser restaurantes self servisse com portas abertas a qualquer momento, muitos consomem drogas e quando bate cansaço, o velho papelão como se fosse uma cama acolchoada, lhes servem de descanso.
Agora vem um questionamento: são moradores de rua ou marginais na rua? Talvez sejam até mais moradores que marginais. O fato de morar não rotula todos como sendo marginais. Muitos estão lá por opção, outros se transformam pela condição social, mas não se pode dizer que todos o são.
Para o morador de rua a existência é um mero acaso, seu destino as vezes é circunstanciado por fatos alheios à sua vontade. Quem não gostaria de estar em um ambiente confortável, banho quente, comida na mesa e cercado de toda segurança e proteção?
Morar na rua é viver na lâmina de uma navalha, prestes a escorregar a qualquer momento e se ferir com gravidade.
Julgar pela aparência ou pela condição sócio econômica é parte do inconsciente e predomina em toda sociedade humana.
Sujo, malfazejo, bêbado, drogado, marginal perigoso, este é o conceito que se tem de um morador de rua. Dificilmente alguém para pra conversar com essas pessoas, eles são julgados aleatoriamente, se moram na rua são marginais, este é o entendimento da maioria, infelizmente.
Alguns grupos humanitários são solidários aos moradores de rua, tentam reintegra-los ao convívio social decente, muitos são retirados das ruas, porém a predominância é de reincidência em função da falta de apoio familiar e governamental.
Este é um problema social grave, por mais que se tente uma solução, as drogas predominam e dificultam qualquer meio de controle dessa população crescente e que vive às margens da sociedade.
Os albergues existem em números insignificantes, e não cumprem o seu papel, são construídos como forma de publicidade política, não oferecem condições adequadas para minimizar o problema, e enquanto isto viadutos e alambrados servem de abrigo a esses seres que vivem amontoados e sem nenhuma perspectiva de vida.
A ex-modelo Leomy, depois de brilhar nas passarelas e estampar capas das principais revista de modas, relatou no Programa do Faro, na Record, ter roubado e que fez programas por um real como meio de arrecadar dinheiro para sustentar o vício.
A modelo estava vivendo na rua há mais de dois anos e foi resgatada pelo programa com a promessa de reintegra-la ao mundo artístico e fora das drogas.
Moradores de rua constituem um problema social gravíssimo e precisa ser melhor acompanhado pelas autoridades governamentais, só reprimir com ações policiais não é suficiente, melhor é buscar as causas e promover políticas sociais visando a ressocialização dessa parcela da sociedade que vive mercê da sorte.