Monte Alegre (GO) celebra Nossa Senhora do Rosário, uma festa de 277 anos e muito sincretismo religioso

Com imagens e informações de Gustavo Ribeiro, 


A cidade de Monte Alegre de Goiás, no nordeste do estado, a 350 km de Brasília, na Chapada dos Veadeiros, realizou no último sábado (18), o tradicional “Reinaldo de Nossa Senhora do Rosário”, uma celebração quase tricentenária.  


A festa completou 277 anos e neste ano apresentou como rei Deigmar Garcia e como rainha Mariza Galvão.   


O evento é uma festa religiosa organizada pela Paróquia da cidade. Apesar do ápice ter ocorrido no último sábado, antes foi feita uma carreata com a imagem de Nossa Senhora do Rosário, para o início da novena, e na sexta-feira passada, uma procissão, com o levantamento do mastro e a apresentação da dança súcia. 


No sábado, a cidade acordou cedo, com o despertar da rainha, sob fogos de artifícios e banda de música. 


No fim da tarde, cavaleiros caracterizados fizeram o tradicional desfile pelas ruas da cidade, acompanhados de uma multidão, de apresentação da dança súncia e da conganda, onde o rei e a rainha foram conduzidos, em uma charrete, até a Igreja da Praça Matriz.


Mais tarde, por volta das 19h, foi realizada a missa solene e campal, com a apresentação da Corte Real, em louvor a Nossa Senhora do Rosário.


A missa campal foi acompanhada, com muita fé e alegria, por centenas de romeiros, fies e devotos de Nossa Senhora do Rosário.


O prefeito da cidade, Arlon Taveira, e o deputado federal Pedro Chaves também prestigiaram a celebração. 


A festa é a história e cultura brasileira viva


O Festejo é um sincretismo religioso dos cultos católicos com as culturas africanas. 


Monte Alegre de Goiás abriga parte do Quilombo Kalunga, um dos mais importantes do país. 


O congado é uma manifestação cultural e religiosa de influência africana celebrada em algumas regiões do Brasil.


Trata basicamente de três temas em seu enredo: a vida de São Benedito, o encontro de Nossa Senhora do Rosário submergida nas águas, e a representação da luta de Carlos Magno contra as invasões mouras.


A lenda de Chico Rei revela que a origem das festas do Congado está ligada à igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. 


Segundo a lenda, Francisco, escravo batizado com o nome de Chico-Rei, era imperador do Congo e veio para Minas Gerais com mais de 400 negros escravos.


Na sofrida viagem, Francisco perdera a mulher e os seus filhos,sobrevivendo apenas um. 


Chico Rei instalou-se em Vila-Rica, trabalhou nas minas e somando o trabalho de domingos e dias santos, conseguiu realizar a economia necessária para comprar a sua libertação e a do filho,escondendo pó de ouro nos cabelos. 


Chico Rei dançou na igreja para comemorar a libertação. 


Posteriormente, obteve a libertação de seus súditos de nação e adquiriram a mina da Escandideira. Casou-se com uma nova rainha e o prestígio do “rei preto” foi crescendo.


Organizaram a irmandade do Rosário e Santa Efigênia e construíram a igreja do alto da santa cruz. 


Por ocasião da festa dos Reis Magos, em janeiro, e na de Nossa Senhora do Rosário, em outubro, havia grandes solenidades generalizadas com o nome de “Reisados”.


Nestas solenidades, Chico Rei coroado, antes da missa cantada,aparece com a rainha e a corte, vestido de ricos trajes; e seguidos por dançarinos e músicos.


Os batedores, na festa, seguem com Caxambu, pandeiro marimbas, canzás em intensas ladainhas.

O Culto

O congado também é conhecido como “congada” ou “congo”, um festejo popular religioso afro-brasileiro mesclado com elementos religiosos católicos, com um tipo de dança dramática na coroação do rei do Congo, em cortejo com passos e cantos, onde a música é o “fundo musical” da celebração.

É um movimento cultural sincrético, um ritual que envolve danças, cantos, levantamentos de mastros, coroações e cavalgadas, expressos na festa do Rosário plenamente no mês de outubro. 

São utilizados instrumentos musicais como cuíca, caixa, pandeiro e reco-reco, os congadeiros vão atrás da cavalgada que segue com uma bandeira de Nossa Senhora do Rosário.

Na antiga capela de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos,inaugurada no início do século 17, até ser completada em 1750, foi criada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, para zelar e cuidar das tradições da santa padroeira dos escravos.

É uma dança que representa a coroação do rei do Congo, acompanhado de um cortejo compassado, cavalgadas, levantamento de mastros e música. 

Os instrumentos musicais utilizados são a cuíca, a caixa, o pandeiro, o reco-reco, o cavaquinho,o tarol, o tamboril, a sanfona ou acordeon. 

Na celebração de festas aos santos, onde a aclamação é animada através de danças, com muito batuque de zabumba, há uma hierarquia, onde se destaca o rei, a rainha, os generais, capitães, etc. 

São divididos em turmas de números variáveis, chamados ternos ou guardas. 

Os tipos de ternos variam de acordo com sua função ritual na festa e no cortejo: Moçambiques, Catupés, Marujos, Congos, Vilões,contra-danças,ternos femininos e outros.

Com informações da Wikipédia, a biblioteca livre. 



Veja as imagens da festa em Monte Alegre de Goiás, ocorrida no último sábado.


Deixe um comentário