Entrevista: professor questiona origem quilombola de comunidade apresentada como calunga





“Aquele pessoal que vive na região do Vale do Paranã, nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre, é gente comum, como qualquer outro camponês daquela região” 


“Os calungas não eram e não são africanos perdidos num quilombo perto de Brasília. São camponeses brasileiros, de longínqua descendência africana, como a quase totalidade da população da região Nordeste de Goiás, na divisa com o Estado da Bahia. “


A tese do professor universitário Joãomar Carvalho não é um confronto com a antropóloga Mari Baiocchi, ele faz questão de ressaltar. 


Trata-se de estudo que envolve conceitos de cidadania e informação – linhas de pesquisa desenvolvidas no doutorado. No centro da tese surge a experiência dos calungas. Um processo que apresenta algumas controvérsias. 


Joãomar mostra outro viés em relação ao da professora Baiocchi: escolhe um grupo das comunidades negras de Goiás para descobrir quando e como eles conseguem encontrar um rumo à cidadania através da informação. 


Para realizar sua pesquisa, o professor precisou desconstruir um mito. Para isso, ele insere a descoberta dos calungas no redescobrir da democracia brasileira. 


Joãomar recorre ao contexto histórico para explicar a inserção dos calungas nas discussões sociais. “Além do fim de ditadura (1964-1985) e dos debates acalorados da Assembleia Nacional Constituinte (1987-88), comemorava-se também o centenário da abolição da escravatura (1888-1988). 


Em tempos de Constituição cidadã, com uma comunidade exposta aos veículos de comunicação receptivos, era possível abraçar uma causa mais pela crença do que pela realidade”, afirma o professor de jornalismo, ao Jornal Opção. 


Joãomar quer publicar a sua tese de doutorado em português e, para isso, está atrás de patrocinadores. A tese foi publicada em francês. Outra possibilidade para a edição do livro são os editais.


Leia a entrevista no Jornal Opção 

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