Alto Paraíso: Duas procissões pelas ruas da Vila de São Jorge e um encontro na Casa de Cultura


Por Magali Colonetti,


Do lado esquerdo surgiu Seu Júlio no comando do Terno de Moçambique, grupo que veio de Perdões. Todos vestindo roupa predominante branca e chapéu na cabeça. 


Seu Júlio mesmo levava a bandeira com imagem da Maria Mãe de Deus. Do lado direito veio o Jorge Antônio dos Santos, o capitão de um dos grupos de congado da Comunidade de Arturos, da cidade de Contagem. 


Com roupas brancas e azuis, alguns colares de conta e com todos os integrantes vestindo saia, eles louvavam a Nossa Senhora do Rosário. 


Os dois grupos carregavam nas vozes e dança sua fé. Os dois grupos rezaram e abençoaram as ruas e casas da Vila de São Jorge, e agora estavam ali vivendo um encontro lindo na frente da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge. 


Seu Júlio chegou primeiro, já tinha rezado na frente da imagem de São Jorge e estava ali esperando o terno de Arturos que chegou cantando, reverenciando e pedindo autorização para entrar na Casa de Cultura e fazer o mesmo. 


É uma questão de costume fazer isso respeitando os mais velhos. Junto com quem seguia a procissão, eles foram até a imagem de São Jorge e rezaram para ele e para outros santos. 


Uma energia sem igual e única, uma tradição de séculos e preservada de geração em geração. “Rezamos para Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Ifigênia. Existe uma diversidade do congado e cada um tem suas regras. É uma herança dos ancestrais. Eu aprendi de um jeito e assim vou mantendo”, comentou Jorge. 


Por isso crianças de 2 anos já participam ao lado de senhores de até 87 anos. As mulheres também conquistaram seu espaço. Hoje, por exemplo, o coro maior era delas. “ Antigamente a mulher não participava, mas hoje elas também ganham espaço nos grupos tradicionais”, explicou. “Eu nunca tinha visto um Terno de Moçambique. 


Cheguei hoje na cidade e está sendo bem importante pra mim”, contou o Marcelo Hernandez. Ele faz parte do Grupo de Cultura Popular Céu na Terra e seguiu um pouco de cada procissão. O Francisco Ferraz seguiu a procissão dos Arturos. 


Estava andando na rua quando viu a cantoria e foi seguindo junto. “E foi o que salvou meu dia. Eu estava cansado, moído, corpo derrubado sabe? Só de escutar eles já faz um bem danado”, disse. 


Todos estavam outra vez juntos e fora da Casa de Cultura. A reza agora foi ao redor do mastro erguido na noite de sábado e que é um marco do 3º Encontro Quilombola de Goiás. Primeiro o Arturos encerrou sua participação, depois foi a vez do Terno de Moçambique finalizar sua procissão. 


A Congada


É uma manifestação cultural e religiosa de influência africana celebrada principalmente em Minas Gerais. A lenda conta que um Rei do Congo foi quem iniciou a festividade ao vir para o Brasil trabalhar como escravo. 


Ele conseguiu a alforria, comprou a liberdade de outros escravos e assim foi considerado o rei preto. Com a liberdade voltou a fazer festas com caxambus, pandeiros, canzás e ladainhas. 


Nas festas ele aparecia trajado com roupas bonitas ao lado de sua rainha. E assim, até hoje, a festa é simbolizada. 


Fonte: Encontro de Culturas da Chapada dos Veadeiros

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