Alto Paraíso (GO): Praça do Encontro recebe a Feira de Experiências Sustentáveis do Cerrado



Por Ana Ferrareze, 


Neste ano, a Feira de Experiências Sustentáveis do Cerrado do Encontro de Culturas Tradicionais tem uma diferença: o espaço onde está foi revitalizado para continuar na vila. 


A Praça do Encontro é uma contribuição da Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge a São Jorge. Depois da feira, a ideia é construir brinquedos em madeira, como gangorra e escorregador, para as crianças. 


Em volta, os muros grafitados pelos artistas do projeto Goiás em Cores fazem menção ao cerrado e às culturas tradicionais. Eles participam do Encontro desde 2013.


A Feira de Experiências Sustentáveis é patrocinada pelo Sebrae desde 2014. Acontece desde a primeira edição do Encontro, sempre com uma roupagem específica, que namora com o evento: a estrutura não tem nada de industrializado, usa bambu, juta, fibra de bananeira e outros produtos de cerrado. 


“O maior objetivo é mostrar que a cultura tradicional também está no artesanato e que é possível cultivá-la entre diversas gerações como fonte de renda”, explica Agnaldo Araújo, gerente municipal de turismo.


No total, são 16 artesãos expositores, vindos de diversas partes do País, mas principalmente da região do cerrado. 


Alguns indígenas Yawalapiti e Fulni-ô que participaram da IX Aldeia Multiétnica também estão presentes com sua arte. Colares, pulseiras, cocares, cestos e pinturas corporais podem ser encontrados por quem não teve tempo de conhecer a Aldeia.


Dona Ana Maria está com os produtos do doCerrado, de Taboquinha, em Padre Bernardo, Goiás, que vende licores de frutas nativas, farofas de castanhas do cerrado e materiais com papel reciclado. 


“Produzimos os licores há três anos. O de pequi é bom para antes da refeição, para abrir o apetite, ou depois, para a digestão”, explica Ana. É a terceira vez que ela vem à Feira. 


As farofas fizeram tanto sucesso, feitas com baru e caju, por exemplo, que precisará voltar para buscar mais e vender nos próximos dias. “Fazemos com a pimenta de macaco, que traz muitos benefícios à saúde, como ser anti-inflamatória”.


Lucely Moraes Pio também montou uma bancada com cachaças, temperos e hormônios feitos com plantas medicinais. 


Ela faz o trabalho há 30 anos. Aprendeu aos cinco anos de idade, na Comunidade do Cedro, que fica em Mineiros, Goiás. Hoje está representando a Rede Articulação Pacari de Plantas Medicinais do Cerrado.


Arte com bambus


O trabalho foi intenso antes do Encontro de Culturas começar, a fim de deixar tudo pronto para a Feira de Experiências Sustentáveis. 


A paisagem da Praça do Encontro está enquadrada por estruturas em bambu, um exímio trabalho feito a muitos braços por dias. Ilamar veio de Brasília para ajudar na montagem pelo terceiro ano consecutivo. Trabalha há sete anos com bambu.


No dia em que conversamos, estava na função de queimar a casca verde para deixá-los lisinhos e amarronzados. 


Cuidadosamente, passava o pano com álcool em cada um e seguia usando o maçarico como se estivesse pintando as peças. “É muito prazeroso vê-los tomando forma, desde a hora da colheita até o momento em que se transformam em estruturas e móveis”, diz.


Além da estética, o processo de queimar serve para espantar a broca, um bicho miudinho que destrói os bambus. Para conservá-los também é preciso protegê-los da umidade e do sol. 


Todo o carregamento veio de Brasília a São Jorge. “Tem toda uma logística”, conta Ilamar. 


E faz uma previsão: o futuro é dos bambus, sustentáveis e fáceis de cultivar, já que ficam prontos para a colheita de 3 a 4 anos.


Fonte: Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros 

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