Estão nos roubando: Sem cartel de 20%, gasolina no DF seria a mais barata do país: R$ 3,03
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Dono da Gasol, Antonio Matias foi um dos presos na operação |
Se o preço do litro de gasolina assusta, é porque ele está bem mais alto do que deveria ser.
Em matéria publicada na manhã desta terça-feira (24/11), o Correio revelou esquema de cartel nos postos do Distrito Federal, que foi responsável pelo maior aumento no valor do combustível de todo o país, 20% do preço.
O que isso quer dizer na prática? Sem esses 20%, o litro da gasolina em Brasília deveria ser R$ 3,032, valor menor do que o da gasolina vendida na Paraíba, preço considerado o mais baixo pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
Entenda a matemática: a taxa de 20% estabelecida pelo cartel de donos de postos de gasolina representa R$ 0,75 dos R$ 3,79 – em média – pagos pelo litro de gasolina no DF.
Ou seja, com os 20%, encher o tanque de um carro com capacidade de 50 litros custa R$ 189. Sem a existência de um cartel e preços normais, o valor do tanque é R$ 152.
Preço da gasolina segundo pesquisa da ANP, divulgada em outubro de 2015
Paraíba: R$ 3,266
Maranhão: R$ 3,275
São Paulo: R$ 3,278
Mato Grosso do Sul: R$ 3,353
Santa Catarina: R$ 3,39
Alagoas: R$ 3,407
Mato Grosso: R$ 3,408
Piauí: R$ 3,409
Paraná: R$ 3,44
Espírito Santo: R$ 3,441
Amapá: R$ 3,453
Minas Gerais: R$ 3,471
Sergipe: R$ 3,49
Rio Grande do Sul: R$ 3,501
Rio Grande do Norte: R$ 3,506
Goiás: R$ 3,52
PF deflagra operação contra cartel dos combustíveis no DF e Entorno
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (24/11) a Operação Dubai, contra um cartel de combustíveis que agia no Distrito Federal e Entorno.
Segundo as investigações, a gasolina era sobretaxada em 20% para os consumidores, o preço do álcool era inflado para evitar sua penetração no mercado brasiliense e o sindicato dos postos era usado no esquema até para “perseguir” os empresários “dissidentes” do cartel.
A apuração teve o apoio do Conselho Administrativo de Defesa da Econômica (Cade) e do Grupo de Atuação no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
Entre os presos estão donos de postos de combustível, funcionários e representantes do setor.
Os policiais federais cumprem sete prisões preventivas, 25 conduções forçadas para investigados prestarem depoimento e 44 ordens de busca e apreensão de documentos.
As ações ocorrem em residências e escritórios de pessoas e empresas envolvidas no esquema em Brasília, no Entorno e no Rio de Janeiro, sede das duas maiores distribuidoras de combustíveis do país.
Os prejuízos totais para os consumidores do Distrito Federal é de R$ 1 bilhão por ano apenas com a principal rede investigada, que vendia 1,1 milhão de litros de combustível por dia, com lucros que beiram os R$ 800 mil diário com o esquema, de acordo com a Polícia Federal.
De acordo com a PF, a estratégia era tornar o álcool combustível, o chamado etanol, inviável para o consumo perante a gasolina.
“O cartel forçava os consumidores a adquirir apenas gasolina, o que facilitava o controle de preços e evitava a entrada de etanol a preços competitivos no mercado”,explica a corporação.
“Foi também a elevação excessiva do preço do etanol que permitiu aos postos do distrito federal cobrar um dos maiores preços de gasolina do país, apesar do Distrito Federal contar com uma logística favorável para o transporte do combustível.”
As contas da PF indicam que a cada abastecimento de 50 litros, o consumidor brasiliense perdia 20% do que pagou, ou R$ 35.
Indícios
De acordo com informações do Cade, desde 2009, a extinta Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, atualmente incorporada ao órgão antitruste, investiga, monitora e coleta informações relativas ao mercado de combustíveis no DF.
“Ao longo desse tempo, foi reunida uma quantidade considerável de indícios econômicos de formação de cartel, envolvendo distribuidoras e postos revendedores”, diz a nota do Cade.
Fonte: Correio Braziliense