Em sessão tumultuada, Câmara de Campos Belos aprova processo de abertura de impeachment do prefeito Santos Ninha. Afastamento do cargo não passou
Numa sessão tumultuada, com muito bate-boca, vaias, discursos inflamados, a Câmara Municipal de Campos Belos, no nordeste de Goiás, aprovou, na noite desta terça-feira (29), a abertura do processo de impeachment contra o prefeito Aurolino Santos Ninha.
Cerca de 200 pessoas da comunidade lotaram o Auditório Dom Alano para acompanhar e participar ativamente da sessão histórica.
Por muitas vezes, o público vaiou e aplaudiu as discussões e os bate-bocas.
A sessão de ontem foi exclusiva para apreciar o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), aberta pelos parlamentares do município para apurar supostas irregularidades praticadas pelo prefeito de Campos Belos à frente da gestão do Executivo.
Dentre elas a contratação supostamente irregular e desvantajosa para a administração pública de uma empresa de transporte, que segundo os vereadores pertence a familiares do prefeito.
Em uma das acusações feitas pelos parlamentares e que integra o conteúdo do relatório da CPI, e que mexeu com os ânimos da plateia, foi a de que a prefeitura comprou areia da cidade de Anápolis, a cerca de 500 km de distância, sendo que o produto seria muito abundante na cidade, numa atitude extremamente antieconômica da gestão pública.
O relatório da CPI trouxe cinco quesitos para que o plenário da Casa decidisse a respeito.
1) a abertura de processo de “impeachment” em desfavor do prefeito municipal, Aurolino Santos Ninha;
2) imediato afastamento do exercício das funções inerentes ao cargo de prefeito municipal;
3) configuração do ato de improbidade administrativa;
4) ressarcimento ao erário pelos prejuízos que o município sofreu em virtude de atos antieconômicos;
5) requisição de representação ao Ministério Público pelos danos causados ao patrimônio do município e aos de atos de improbidade administrativa.
O presidente da Câmara de Vereadores, Sargento Abreu, por prudência, resolveu deixar o item mais polêmico, de afastamento do prefeito do cargo, por último.
A sessão só terminou de madrugada, quase duas horas da manhã.
Por maioria, os vereadores da Casa resolveram aprovar todos os quesitos, com exceção a do afastamento do prefeito do cargo.
Este último precisaria de pelo menos dois terços dos votos da Casa, composta por onze vereadores.
Votaram a favor do relatóorio da CPI, os vereadores Márcio Valente, Nego da Patrol, Luis da Ótica, Sargento Abreu, Juranda, Ari irmão de Zé Cândido e Marreta
Para o afastamento de Ninha imediatamente do cargo, sete vereadores votaram a favor e 4 contra: Ademir da Sucam, Pedro, Arione e Denilson.
Este último, segundo informações de bastidores, foi a grande surpresa.
Ele integrou a CPI e aprovou o relatório que pedia o afastamento do prefeito.
Ontem ele votou contra o afastamento e contra a abertura do processo de impeachment.
Nos demais quesitos, ele votou a favor (contra o prefeito).
À amigos ele confessou que seu voto foi uma represália contra os colegas vereadores, que tinham prometido que ele seria presidente da Casa na gestão de 2016, e agora, na hora da escolha, “passaram-lhe a perna”, e elegeram o vereador Marreta em seu lugar.
Sobre o processo de abertura de impeachment contra Ninha, o vereador Sargento Abreu afirmou que o processo deve ter início em fevereiro, após o recesso, e deve tramitar rapidamente na Casa.
Segundo ele, o regimento da Câmara prevê um quorum de 2/3 de vereadores para a aprovação.
Ao que tudo indica o vereador Denilson novamente deve ser o fiel da balança no processo político municipal de 2016 em Campos Belos.
Sobre a configuração do ato de improbidade administrativa e do ressarcimento ao erário pelos prejuízos que o município sofreu em virtude de atos antieconômicos, os autos agora serão remetidos para o Ministério Público de Goiás, para que o órgão abra os procedimentos para processar e julgar o prefeito Santos Ninha.
Procurado pela reportagem, a assessoria do prefeito de Campos Belos informou que tudo não passou de politicagem de início de ano eleitoral.