Samarco ainda não parou vazamento de lama e já foi notificada 39 vezes pelo Ibama
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Quase cinco meses depois do que é considerado a maior tragédia ambiental da história do país, a Samarco Mineração ainda não conseguiu conter o vazamento de rejeito no meio ambiente.
Isso porque blocos de pedras colocados provisoriamente para conter o volume de lama cederam e um dos quatro diques, que já foi destruído pela força da água, voltou a ser construído e, de novo, foi engolido pela lama de minério.
Além disso, ligações telefônicas de funcionários da mineradora que foram gravadas pela Polícia Federal (PF) e autorizadas pela Justiça dão conta de que diretores da Samarco Mineração tinham o conhecimento de que as obras não adiantaram de nada na contenção do vazamento da lama.
As informações foram divulgadas na sexta-feira (25) pela Folha de S. Paulo.
A reportagem também indicava que o Ibama já emitiu 39 notificações à mineradora desde o dia 5 de novembro de 2015, dia em que a barragem rompeu.
De acordo com a reportagem, o diretor de operações da mineradora Kleber Terra, indiciado pela morte de 19 pessoas, afirma que no dia 16 de janeiro o sistema de bombeamento não dava conta.
Em seguida, um funcionário chamado de Samuel, em conversa com o coordenador de monitoramento da mineradora, Wanderson Silvério Silva, diz “estamos dando um passo para frente e outro para trás”.
Na ligação, o funcionário se mostrou preocupado, já que relatou que as partes que restavam da barragem “simplesmente desmanchavam”, nas suas próprias palavras.
Os grampos apontam que a mineradora decidiu interromper as obras de contenção no dia 16 de janeiro com medo de que as estruturas não suportassem o fluxo de rejeito.
Dos quatro diques de emergência anunciados como medida emergencial da empresa, três foram iniciados.
Um deles caiu, foi reconstruído e não suportou a quantidade de lama, rompendo mais uma vez. Uma das estruturas, inclusive, sequer começou a ser construída pois estava localizada em área de preservação ambiental.
De acordo com Marcelo Amorim, coordenador de emergência ambiental do Ibama, em entrevista à reportagem da Folha de S. Paulo, a Samarco errou cálculos ao subestimar a quantidade de lama que desceria da barragem quando houvesse chuva.
À Folha de S. Paulo, a mineradora não comentou quanto ao conteúdo dos grampos telefônicos.
Sobre o lançamento de rejeitos continuar, a Samarco Mineração alega que “sedimentos misturados à água da chuva, que vem sendo registrada acima da média histórica”, têm sido carregados para fora da área do Fundão.
Ainda em nota, “para conter esse carregamento e melhora a qualidade da água que chega aos cursos d’água, a empresa construiu três diques, sendo o último entregue em fevereiro, abaixo da barragem de Santarém”, em afirmação do comunicado.
Fonte: Folha de S. Paulo