Uma carta dura e a penitência de uma mãe guerreira. Prefeito e Secretário de Saúde de Taguatinga (TO) devem muitas explicações à sociedade e a esta família



Prezado amigo Dinomar Miranda,
Recorro ao senhor e seu blog para contar um pouco da minha historia e ao mesmo tempo pedir-lhe ajuda.
Meu nome é Nilva Joaquim de Morais. Sou servidora pública estadual e moro em Taguatinga há mais de 20 anos.
Em 2008 assumi a direção do Hospital Municipal São João Batista, em Taguatinga (TO), onde permaneci por três anos e meio e hoje por causa de perseguições política, me encontro prestando serviço no Hospital Municipal de Ponte Alta, para onde fui remanejada, pois o sistema político, implantado em minha cidade não permite que eu preste serviço aqui. (Sistema do NÃO votou em mim, eu não te quero aqui).
Tenho um filho, hoje com 33 anos, que sofreu um acidente aos 29 anos em Brasília.
Foi levado para o Hospital de Base, onde aparentemente não parecia ser tão grave, pois parecia estar tudo dentro da normalidade, apesar de ele ter sofrido uma fratura de úmero (braço).
Se encontrava de alta pela neurologista. E ficou internado, esperando apenas pela cirurgia que necessitava por causa da fratura.
Meu filho ficou 9 dias bem, comendo, indo ao banheiro, tomando banho, falando ao telefone, conhecendo todo mundo.
Quando foi dia 28/10/2012, ele começou a passar mal, com vômitos e convulsões constante e por incrível que pareça não tinha um medico no pavilhão da ortopedia.
No dia 29, após 10 dias, meu filho entra em coma e ninguém até hoje não explica nada.
Como eu trabalho na saúde posso afirmar que houve erro e falha humana. Ele ficou muito tempo hospitalizado e se encontra em coma vigil vegetativo sem nenhuma reação.
Sem saber o que fazer, entrei na justiça solicitando ajuda do estado, do município e da União, a qual, ganhei o serviço Homecare.
Só que o secretário de saúde de Taguatinga, por questões que ainda desconheço, vem dificultando as coisas, se recusando a cumprir toda decisão do juiz, onde não cumpre nem com as coisas essenciais de sobrevivência.
E eu não tenho condições de assumir sozinho, pois meu filho precisa de cuidados e materiais e o meu salário é insuficiente para custear todas as despesas.
Meu filho necessita de uma dieta especial para se alimentar, equipos, urupen, fraldas, placas de hidrocoloide, dersane, micropore, esparadrapos, quite anti-escara, cadeira de rodas, com suporte de sustentação de cabeça e tronco, frasco para alimentação.
Equipos para a bomba de infusão que ganhei e até hoje não foi usada por falta de material adequado, orientação e instrução quanto ao uso.
Por exemplo: a bomba precisa precisa de um frasco de 1.000 ML, que dura 24 horas, o que facilitaria minha vida, já que tenho que sair cedo para Ponte Alta e só retorno à noite. Mas eles só compram a de 300 ML, que precisa ser controlado, material para curativos (neomicina, gazes, compressas). Preciso de um aparelho que se chama “guincho eletrônico” para leva-lo para dar banho, pois não posso pegar peso. E nada!
Nem sequer um banheiro adaptado no quarto para facilitar, o qual ganhei e só existe no projeto feito pelo o engenheiro civil do município e que se encontrava em poder da secretaria de infra-estrutura.
No momento encontro-me esperançosa, pois um amigo ao saber dos fatos se solidarizou e esta tomando a frente, disse-me que se eles não fizer, ele irá fazer por conta própria, o que lhe serei eternamente grata. Mesmo com toda dificuldade, morando em Taguatinga e tendo que trabalhar em Ponte Alta, trajeto que faço todos os dias.
Mesmo passando por todo desgaste físico e emocional devido ao fato de ver meu filho nessas condições e não poder fazer nada para aliviar seu sofrimento, faço questão de cuidar dele em casa.
E ainda tenho que lidar com o descaso da administração municipal, de um secretário que simplesmente resolveu descontar em mim e no meu filho a sua incompetência administrativa, pois ao invés de correr atras de resolver e solucionar os problemas existentes, fica de implicância, com atitudes mesquinhas e desumanas.
E porque? Creio que seja por que eu corre atrás dos direitos do meu filho, se julgam tão superiores, imbatíveis, que não podem ser contrariados. Eu não sei o que fiz a ele. Mesmo sem saber, tive a humildade de o procurar e pedi-lhe perdão.
O que parece que meu pedido não foi aceito. É dificuldade financeira? Acredito que não. Cito o caso de uns equipos para gastrostomia, que meu filho necessita para se alimentar. Eles pegam todas as informações necessárias para fazer o pedido.
Os equipos vieram errados, veio os equipos normal (de soro). Eles receberam e mandaram para minha casa, onde já estava em falta a mais de dez dias, meu filho estava se alimentando por que o secretario de Ponte Alta fez a gentileza de me doar 2 equipos.
Em 4 anos eles deram 21 equipos e ainda dizem que estou esperdiçando. Uso um mesmo equipo por 4/5 dias, pois só eu e Deus sabe o que eu passo. E Sabemos que equipos são descartáveis. Agora eu pergunto: eles não sabiam que não eram aquele tipo?
O que dizer disso ai? Segundo a defesa do consumidor, a pessoa tem o direito de receber aquilo que comprou e da forma que foi solicitado, afinal pagou por aquilo. Como eu vou receber um material que não veio como o solicitei e ainda enviar ao paciente, mesmo sabendo que não é daquele tipo que ele usa? É uma atitude meia estranha, o que me leva a pensar que é de proposito.
Devido as atitudes do senhor secretario, que não faz a menor questão de pelo menos esconder sua aversão a minha pessoa, provado em uma das sessões da câmara, onde desesperadamente pede o uso da tribuna para levar ao conhecimento dos vereadores a minha história e pedir-lhes que me ajudasse.
Onde apresentei documentos provando que a secretaria de saúde não estavam cumprindo a ordem judicial. Cito: uma medicação (fenitoína 100) que meu filho tem que tomar, não pode ficar sem de maneira nenhuma e estava em falta, pois segundo eles não estavam encontrando, chegando a cogitar que pedisse o médico para trocar a medicação, como sugeriu a coordenadora do PSF, em um programa na rádio local.
Ela mandou uma explicação para o locutor, dizendo que ja tinha procurado em todos os lugares (Palmas, Brasília, São Paulo…) E eu apresentei a câmara a nota fiscal do remédio compro em Dianópolis, a 120 km daqui.
Mesmo assim ele não se fez de rogado e afrontosamente, pediu o direito de resposta, mesmo sem seguir o regimento da casa que diz que o uso da tribuna precisa ser solicitado oficialmente. Mesmo assim foi lhe concedido a palavra, devido a gravidade da situação. Onde em suas explicações disse tudo ao contrário. Como se fosse eu que estivesse mentindo.
Os vereadores se sensibilizaram e naquela mesmo hora pediram a assessoria jurídica para fazer um requerimento, o qual foi assinado, por unanimidade, pela mesa, solicitando ao Sr prefeito que pedisse a minha remoção de volta a Taguatinga, onde eu pudesse trabalhar e ficar mais perto e poder cuidar melhor do meu filho.
Segundo informações o prefeito, não se opôs, mas o secretário sim, propondo-o que escolhesse, não sei se procede essa informação, o certo é que continuo em Ponte Alta e o requerimento, se houve alguma resposta, não é do meu conhecimento.
Se essa informação procede, eu pergunto: quem é que manda, o prefeito ou o secretario? Que poder é esse que ele exerce sobre tudo e todos? Ele não precisa lidar diretamente comigo. Tem três PSF na cidade, eu poderia muito bem prestar serviço em um deles e ficar perto de casa, do meu filho. Todas essas coisas estão me afetando muito e como consequência, ja sofri dois infarto, tive que me submeter a dois cateterismo e angioplastia e hoje não dou conta de cuidar do meu filho como ele precisa.
Tenho consciência da crise que assola nosso país, atingindo principalmente os municípios, desculpas que eles sempre dão. Mas devido às coisas que vem acontecendo, no meu caso é bronca pessoal, percebido por todos que conversa com ele sobre o assunto.
Tenho muitas fotos, mensagens, gravações, vídeos de tudo que vem acontecendo ao longo desse período, registros que provam que tudo que estou falando é verdade. Meu filho esta com uma unha encravada a muito tempo. Já implorei para que fizesse um o precedimento para retirar o excesso da unha.
Procedimento esse, que em uma pessoa normal poderia ser feito por uma manicure. Eles não fazem o minimo esforço de resolver.
Daí inflama e entram com antibióticos, medicamentos fortíssimo que prejudica até o organismo de pessoas em perfeitas condições de saúde, veja a uma pessoa que ja se encontram debilitada.
Fiz de tudo para não chegar a esse ponto, até mesmo pela exposição do meu filho, um ser indefeso, que hoje é uma criança, apesar de sua idade. Mas cheguei ao meu limite, tentei de todas as formas, infelizmente não tem outro jeito.
Me ajude pelo amor de Deus, pois já me encontro sem forças para continuar nessa demanda sem fim. Já não estou em condições psicológicas para lidar com tanta injustiça, com tanta maldade.
A emoção toma conta de mim, pois não é fácil saber que seu filho corre risco eminente de morte.”