Intolerância religiosa: católicos acusam pastor de destruir cruz histórica fixada em morro de Taipas (TO)


Católicos acusam um pastor evangélico de quebrar uma cruz histórica de três metros de altura em Taipas do Tocantins, sudeste do estado.
Segundo eles, o cruzeiro foi construído em 1984 e estava fixado no alto de um morro na cidade. Após o fato, os fiéis registraram boletim de ocorrência na polícia por vandalismo.
A moradora da cidade Maria Dolores da Silva Sá disse que viu quando o pastor, que é de Aparecida de Goiânia, e outras pessoas subiram no morro na última terça-feira (12). “Eu estava em casa. De lá, dá para ver o cruzeiro.
No momento, um vizinho disse que tinha visto uma movimentação estranha. Olhei por meio de um binóculo e vi o que estava acontecendo”.
Maria disse que quando o grupo desceu do morro questionou porque eles tinham destruído a cruz.
“O pastor disse que nós não estávamos recebendo as bênçãos por causa dela. Eu cheguei a chorar.
A gente ficava sentado no banco olhando para ela. O detalhe é que quem a colocou no morro já morreu, era membro da igreja”.
Depois que ficou sabendo, Maria correu para contar o fato aos fiéis da igreja. Eles então subiram ao local para averiguar e encontraram a cruz jogada em uma vala, com um dos braços quebrados.
Inconformada, a coordenadora da igreja e ministra da palavra Rosa Alves de Sá decidiu registrar um boletim de ocorrência. “Eles tentaram arrancar. Como não conseguiram, quebraram a base dela com um facão e jogaram numa vala”, disse.
A história da cruz
Rosa conta que a história da cruz está ligada à da primeira igreja católica construída na cidade. Aliás, a coordenadora da igreja ajudou na construção do templo, em junho de 1984 e lembra que toda a comunidade católica se mobilizou para colaborar nas obras.
“O templo foi construído por meio de doações. Todo mundo se uniu para ajudar. Lembro que naquele ano meu marido resolveu construir a cruz para ser o marco histórico da construção da igreja católica na cidade.
Ela foi fixada em frente ao templo”, explicou.Rosa conta que há cerca de 10 anos, a prefeitura do município resolveu construir uma praça perto do local e a cruz precisou ser retirada.
“A cruz ficou encostada. Para dar uma utilidade a ela, resolvemos fixá-la na altura do morro. Ela ficava visível, toda a população via.”
Os fiéis dizem que ficaram surpresos e tristes com o ocorrido.
O seminarista Marcos Teles Azevedo, que mora em Palmas mas estava na cidade no momento, disse que a cruz é um símbolo para os fiéis da região. “Em alguns momentos íamos no morro para fazer momento de oração. Tem um significado, uma história”.
A Polícia Militar confirmou que um boletim de ocorrência foi registrado, mas disse que o caso ainda não foi repassado para a Polícia Civil.
Os fiéis dizem que o pastor suspeito de quebrar o cruzeiro é de Aparecida de Goiânia e que estava na cidade para dirigir um culto.
A imprensa não conseguiu contato com ele.
Por telefone, o pastor da Assembleia de Deus, Ministério do Seta em Taipas do Tocantins, Sebastião Dias da Silva disse que não conhece o pastor que está sendo acusado.
“Ele estava na cidade à convite de um membro da igreja, mas eu não o conheço. Fiquei sabendo depois, não sei quem o incentivou a fazer isso. Cada um tem seus dogmas e seu modo de pensar. Por mim, ela ficaria em cima da serra. Não atrapalha”, disse.
Fonte: G1