Há quase dez anos temos falado da destruição da matas ciliares. Só a crise hídrica foi capaz de despertar a comunidade

Há mais de nove anos que venho batendo na mesma tecla, através das publicações neste Blog, sobre a necessidade de se incutir a cultura ambiental em Campos Belos e em toda a região do nordeste de Goiás e sudeste do Tocantins.
Não foram poucas as publicações e alertas sobre a destruição das matas ciliares do Rio Bezerra e do Rio Montes Claros, principais bacias do município de Campos Belos.
Alertamos que o assoreamento estava matando os rios e que a degradação iria prejudicar a comunidade por inteiro, inclusive os autores dos desmatamentos.
Mas parece que as publicações não fizeram muito efeito e precisou chegar a uma crise hídrica na bacia do Rio Montes Claros para que houvesse uma intervenção do Ministério Público.
E agora parece que os fazendeiros, principalmente, entenderam o tamanho da bronca.
Na última quarta-feira foi feita uma reunião no Tribunal do Júri de Campos Belos, que deu início a um planejamento de ações que deverão ser desenvolvidas ao longo de 2017 para a recuperação do Rio Montes Claros, manancial de abastecimento do município e da cidade de Monte Alegre.
No encontro, a promotora de Justiça Paula Moraes de Matos esclareceu que um diagnóstico ambiental da Bacia do Rio Montes Claros já foi elaborado pela Emater, com orientações para a recuperação e, além disso, informou que a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Cidades, Infraestrutura e Assuntos Metropolitano (Secima) realizou fiscalização nas fazendas que aderiram a termo de ajuste de conduta firmado pelo MP-GO com os produtores rurais.
Também foi firmado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com um grupo de dez produtores rurais, que se comprometeram a adotar ações emergenciais para que o rio volte ao seu estado original.
A promotora parabenizou os proprietários rurais presentes na reunião, esclarecendo que a maioria dos que assinaram o acordo está cumprindo as orientações para a regularização do uso da água, conforme determina a legislação.
Mas isso não basta.
A questão ambiental em nossa região ainda é muito grave.
Fora a destruição das matas ciliares, áreas de proteção ambiental e o extermínio de animais silvestre – tem muita gente por aí que ainda tem como diversão a caça de tatus, pacas, capivaras, veados e até macacos – ainda temos a questão do lixo urbano.
Não há uma mínima política para a questão do lixo.
Na realidade ninguém faz nada. Em casa, as pessoas se limitam a jogar o seu lixo em um recipiente e disponibilizar para os garis.
A separação do lixo seco e molhado, uma realidade em Brasília e nas grandes capitais, passa longe.
Por sua vez, a prefeitura se limita a recolher e depositar os resíduos no lixão. Pronto, essa é a logística.
Tá errado. A exemplo da questão das matas ciliares, mais cedo ou mais tarde, a comunidade vai pagar por seus pecados, pela falta de zelo e cuidado.
E essa responsabilidade não é apenas da prefeitura, do Poder Público, é de toda a comunidade, que tem se unir em torno da questão e encontrar soluções.