Força-tarefa faz ação para combater roubo de cargas em Goiás e DF. Campos Belos foi alvo da operação



Uma força-tarefa das polícias Federal, Rodoviária Federal e Militar faz uma operação, denominada Hicsos, nesta quarta-feira (22) para combater o roubo de cargas de alto valor em Goiás e Distrito Federal. 


Segundo as investigações, empresários de várias áreas do comércio encomendavam os crimes e revendiam as cargas em seus estabelecimentos. 


A estimativa é que a quadrilha tenha dado um prejuízo de R$ 30 milhões. Até as 11h, 30 pessoas já foram presas.


São cumpridos 82 mandados judiciais, sendo 37 de prisão preventiva, 14 de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento e 31 de busca e apreensão. 


Os alvos são as cidades de Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Trindade, Bela Vista, Leopoldo de Bulhões, Alexânia, Morrinhos, Campos Belos, além do Distrito Federal.


Segundo a força-tarefa, donos de supermercado, distribuidoras de alimentos e bebidas e até postos de combustíveis pagavam 50% do valor da carga para os criminosos. Após receberem a mercadoria, revendiam os produtos de origem ilegal.


“O dinheiro que era conseguido pelas quadrilhas era usado para cometer outros crimes. A quadrilha também atuava no tráfico de drogas e roubos de carros. Então, desmanchando essa quadrilha agora, também atingimos outros tipos de crimes”, disse o superintendente da Polícia Federal, Humberto Ramos.


Ainda segundo a Polícia Federal, esses criminosos agiam de duas a três vezes por semana. “Eles não tinham outra profissão, era só essa de crimes mesmo. Então, eles roubavam para eles, roubavam para as quadrilhas, agiam com uma grande frequência”, disse o superintendente.


Os criminosos chegavam a fazer falsas barreiras policiais, usando coletes de fiscalização e veículos equipados com sirene e giroflex. 


Eles paravam os caminhões e, caso se interessassem pela carga, anunciavam o assalto. Segundo o superintendente da Polícia Rodoviária Federal, Álvaro Resende, os crimes aconteciam principalmente na região de Anápolis.


“Esse é o principal problema nas rodovias federais que enfrentamos atualmente. Em alguns casos atiravam no veículo, ameaçavam a família do motorista, mantinham ele em cárcere privado”, disse.


O grupo tinha equipamentos de alta tecnologia para evitar que o veículo fosse rastreado. Durante a operação, os policiais encontraram cerca de R$ 50 mil em dinheiro, carros e bloqueadores de sinais.


Os suspeitos vão responder pelos crimes de roubo qualificado, cárcere privado, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de drogas e receptação.


Aumento dos crimes


O roubo e furto de cargas aumentaram quase 30% em Goiás, no ano passado, em comparação com 2015, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP) aos quais o G1 teve acesso. 


Segundo a Polícia Civil, a região de Anápolis, a 55 km de Goiânia, é onde se concentra a maior incidência desse tipo de crime.


Conforme os números, somando furtos e roubos, em 2015 foram registrados 757 casos. Já em 2016, foram 981. Nesse período, Anápolis concentrou cerca de 11% dos crimes. 


O titular da Delegacia Estadual de Repressão a Roubo de Cargas (Decar), Alexandre Bruno Barros, explica que Anápolis é visada por quadrilhas especializadas nesse tipo de crime devido às características geográficas e econômicas.


O delegado confirma que houve um aumento na quantidade de furtos e roubos de carga no estado. Porém, ele revela que em grande parte há o envolvimento direto ou indireto dos motoristas dos caminhões. 


Em alguns casos eles são aliciados pelos criminosos, em outros, têm as famílias ameaçadas pelas quadrilhas.

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