Brasil: redes sociais representam um poderoso instrumento de contestação. Isto tem incomodado o meio político

Por Jefferson Victor, 

Um dos marcos da comunicação política brasileira, deu-se em 1935, quando foi criado o programa de rádio denominado Voz do Brasil, idealizado por Armando Campos, amigo do presidente Getúlio Vargas, com o intuito de aumentar sua popularidade.

Muitas notícias eram fantasiosas, nem sempre representavam a realidade dos fatos, havia muita propaganda do governo e tudo se tornava verdade, não havia como contradizer tais informações, em função da precariedade da comunicação de época.

No século passado, os poderosos políticos brasileiros aderiram ao modelo, muitos passaram a ser proprietários de emissoras de rádio e televisão como forma de divulgarem suas plataformas políticas, e mais uma vez não havia até então, meios da população contestar as inverdades que os projetavam para perpetuarem na política.

Com a evolução da Internet nos anos 2000, surgiram então, as redes sociais, uma importante ferramenta onde cada um tem sua própria mídia e comunica com milhões de outros internautas mundo afora, e isso tem sido a pedra no sapato de muita gente.

Nas eleições de 2014, as Redes Sociais ditaram a tônica da campanha. 

A grande mídia posicionava-se de acordo com seus interesses econômicos e partidários, enquanto isto milhões de eleitores se opunham e mostravam a obscuridade de determinados candidatos, chegando mesmo a incomodar o presidenciável Aécio Neves, o qual solicitou à justiça que fossem apagados vídeos comprometedores, o que foi prontamente negado, deixando o referido senhor em maus lenções, e segundo alguns analistas, isto pode ter feito a diferença no resultado final do pleito.

Ao assumir em definitivo a presidência, Michel Temer fez comentários sobre o assunto, dizendo que as redes sociais criam factoides desgastantes ao meio político, e que faria mudanças para que houvesse um maior controle sobre esse meio de comunicação.

Recentemente, Rodrigo Maia, Presidente da Câmara dos Deputados, disse estar incomodado com o que se publica sobre o meio político. 

Era visível o desconforto do parlamentar, uma demonstração clara que há no momento um certo revide por parte da população, há muitos desmentidos e divulgação de fatos que a grande mídia insiste em omitir, sabe-se lá porque.

Ao contrário dos acontecimentos de 1964, período da Ditadura Militar, onde os protestos eram realizados nas ruas, enfrentando exércitos armados que dizimavam milhares de civis, hoje os protestos são de forma silenciosa, as armas usadas são apenas inofensivos teclados, mas com um poder de fogo devastador.

Atualmente as batalhas são travadas somente através de tabletes, computadores e celulares, não há conflitos físicos, só ideológicos, desta forma há um equilíbrio de forças e sem derramamento de sangue.

Mas há um fato preocupante neste meio de comunicação. A internet banda larga pode sofrer algum tipo de censura. 

O recado foi dado pelo Ministro das Comunicações, Gilberto Kassab,  o qual  anunciou já para segundo semestre deste ano, o controle do uso desta tecnologia através de pacotes limitados, nos moldes do que hoje acontece com celulares.

Seria isto a colocação em prática do que disse o “presidente” em seu discurso? Não seria esta uma maneira de calar as vozes que opinam contrariando os interesses do novo governo?

Liberdade de expressão é um direito constitucional, não se pode calar quem se opõe àquilo que julga ser inconveniente por parte das Instituições Públicas. Ao contrário do que acontecia no governo de Getúlio, o povo tem meios de contestar falcatruas e tentativas de manipulação da opinião pública.

O momento é tenso, são várias medidas impopulares em curso, e as redes sociais, representam ferramentas importantes para dar voz aos que no passado só  ouvia e jamais tinham oportunidades de expor suas ideias.

É  hora de reflexão: cada um do seu jeito tem a oportunidade de utilizar este importante instrumento em seu favor, expondo seus pensamentos, transformando-se em um agente da mudança e nunca massa de manobra.

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