Vídeo: delator explica como Marconi pediu R$ 50 milhões






O executivo da Odebrecht Alexandre José Lopes Barradas mostra em sua delação premiada como o pagamento ao governador Marconi Perillo (PSDB) era operacionalizado. 


Ele começa o vídeo dizendo que seu superior, Fernando Cunha Reis, esteve em 2010 num jantar com então candidato a governador Marconi Perillo (PSDB). 


Foi aí que houve o primeiro contato. “Ele teria uma ajuda do grupo Odebrecht Ambiental no valor de R$ 2 milhões”, afirma Alexandre. 


“Nosso foco era o Entorno do Distrito Federal, a área goiana que circunda o DF, que é uma pobreza muito grande, área desprovida de saneamento, principalmente de água”, delata. 


“Depois desse encontro, Fernando me disse que acertou com Marconi Perillo e me pediu que procurasse ele, Marconi. Eu então o procurei, o primeiro encontro foi lá em Goiânia, na casa dele, foi marcado lá. 


Ele me apresentou nessa oportunidade o Jayme Rincón, que era a pessoa arrecadadora dele, era a pessoa que iria vir comigo a maneira da gente repassar o discurso”, afirma Alexandre Barradas. 


Alexandre diz que “de posse da programação, foi definido o modus operandi da campanha de 2010”. “Eu fui o agente de distribuir os dados para o preposto, que era o Jayme Rincón e os pagamentos eram feitos sempre em São Paulo”, afirma Alexandre. 


Perguntado sobre quantos repasses foram feitos, ele diz que foram, em 2010, quatro pagamentos de R$ 500 mil. Ele ainda revela, aos 7min35s, que o apelido de Jayme Rincón era “calado”. 


Alexandre diz que “de posse da programação, foi definido o modus operandi da campanha de 2010”. Ele foi à casa de Marconi, em 2010, em um condomínio horizontal. 


“Fui de táxi para a casa de Marconi, onde fui apresentado pelo Marconi ao Jayme Rincón”, afirma. “Ficou bem claro que o valor dado a Marconi não seria contabilizado e o próprio Marconi indicou o Jayme”. 


“É uma relação de relacionamento, ele foi se relacionando cada vez mais, até se relacionar com o presidente Marcelo Odebrecht, era um pedido em nome do grupo e não só da Odebrecht Ambiental”, afirma. 


Ele diz que também houve um jantar na casa do senador Demóstenes Torres, com a presença do governador Marconi Perillo (PSDB). “Perillo foi apresentado ao Fernando Cunha Reis na casa do Demóstenes”, afirma. Depois da eleição, Alexandre diz que procurou Marconi em março de 2011. 


“Marconi demonstrou uma certa preocupação, disse que ia pensar e voltaria a contactar a Odebrecht”, afirma Alexandre aos 22 min de vídeo. “Isso não dependia apenas do governador, precisava dos municípios para subdelegar o saneamento, os municípios então tiveram que fazer um trabalho prévio”, aponta Alexandre. Ele também atribui à Operação Monte Carlo o atraso na subdelegação da Saneago. 


50 milhões?


Na eleição seguinte, em 2014, Alexandre Barradas diz que as reuniões com o governador eram feitas no Palácio das Esmeraldas. 


“A secretária ligava e marcava”, afirmou. “Eu também encontrei o governador uma vez em Brasília, até por acaso, um encontro meio rápido”, disse. Ele também confirma a reunião em São Paulo, com a presença de Marcelo Odebrecht e Marconi Perillo. 


“Foi um almoço, foi lá feito esse encontro numa segunda-feira, no início de março”, afirma. Aos 37 min do vídeo, Alexandre revela como Marconi Perillo pediu à Odebrecht uma quantia de R$ 50 milhões. 


“Ele queria uma quantia importante do grupo Odebrecht, mas não teve coragem de falar na frente do Marcelo”, aponta Alexandre. Marconi acabou sendo atendido em R$ 8 milhões, como consta de várias delações. “Esses R$ 50 milhões eram uma referência, né”, aposta Alexandre. 


Alexandre também diz que havia estranheza da relação entre Marconi e a Odebrecht. “Antes a desculpa era a Delta e o Cachoeira, agora não havia desculpa”. 


“De fato houve avanços com o Marconi (depois de 2014), na área de saneamento, em contratos”, afirmou. “Desde setembro de 2014, de lá pra cá, nem julgamentos teve. 


De março de 2014 a setembro de 2014, fizemos vários levantamentos de dados”, diz. “(Uma hora avançou e) tá definido, procura o governador, o valor definido é de R$ 8 milhões, isso foi no finalzinho de março de 2014”, diz Alexandre aos 43 min de vídeo. “Jayme era e ainda é presidente da Agetop”, confirma Alexandre. 


“Aí eu sentei com o Jayme, comuniquei o valor, Jayme reclamou, disse que achava que era mais substancial, mas eu disse que o valor já era muito grande”, retoma Alexandre.


 “Repetimos com o Jayme a mesma operação de 2010, como era um valor muito grande, a operação foi complicada, houve um problema no primeiro repasse, fizemos um repasse muito grande na primeira parcela, no início de julho, de R$ 1,2 milhão”, relata. 


Apelido alterado


Aos 50 min do vídeo abaixo, quase ao final do depoimento, Alexandre Barradas diz que o pagamento dos valores era combinado com Jayme Rincón via whats app, o famoso aplicativo de celular. 


“Sim, já usávamos o whats app (em 2014), a gente mandava e apagava, mandava e apagava”, relata Alexandre. “Essas programações de pagamento eram sempre presenciais”, afirma. 


Ele relata, aos 51 minutos de vídeo, que o apelido de Marconi dentro da Odebrecht havia mudado. Não era mais “patati” nem “padeiro”. Era “master”. Alexandre diz não saber “por que mudou”. “Pelo que eu vi, para fazer a conta do valor, não tem outro ‘master’, era mesmo o governador Marconi”, conta Alexandre.


Fonte e texto: Goiás Real 

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