IML de Campos Belos está parado há três meses por falta de médico legista. Corpos estão sendo encaminhados para Formosa (GO)



O Instituto de Medicina Legal (IML) de Campos Belos, nordeste de Goiás, construído sem apoio governamental e com recursos recolhidos da comunidade, está, pasmem, há três meses sem funcionar.


A paralisação é por falta de médicos legistas. 


O IML foi inaugurado em dezembro de 2013 e desde então estava atendendo cerca de dez cidades da região.  


No entanto, o órgão, que pertence ao governo do estado, vinha renovando os contratos, mas devido a um concurso em andamento, deixou-os expirar e a burocracia empurrou a situação para o descalabro. 


O estado não nomeia os concursados e também não renova a contratação dos médicos, que atuam em hospitais de Campos Belos, para também exercerem a função de legistas. 


A conta sobrou novamente para a comunidade, que voltou ao imenso sofrimento de ter que enviar os corpos de entes queridos para a cidade de Formosa, a 300 km de distância, simplesmente porque o governo estadual é incompetente. 


Não conseguiu construir um IML na cidade, mas quando ganhou este de presente da comunidade, não consegue, ao menos, manter um medico legista. 


O pior é que a prefeitura da cidade poderia ajudar. 


De acordo com um especialista na área ouvido pelo Blog, em diversas cidades do estado, as prefeituras são quem banca o médico legista com recursos próprios. 


Hoje o ordenado de um especialista legista custa cerca de R$ 5 mil. 


E muitas prefeituras arcam com a despesa, mesmo não sendo sua obrigação, porque o serviço é de excepcional importância para a comunidade, que além de chorar seus entes queridos, ainda sofre com a espera e o descaso da burocracia. 


É também sabido que as prefeituras estão quebradas e não podem aumentar despesas. 


Mas convenhamos, se o IML de Campos Belos atende cerca de dez cidades, porque não “rachar” a conta de dois médicos legistas, ou seja, cerca de R$ 1 mil para cada executivo local?


Ainda há as cidades do Tocantins. 


Ao menos oitos cidades do estado vizinho poderia, em tese, usar as instalações do IML de Campos Belos, a exemplo de Arraias, que dista apenas cerca de 30 km.  


Mas é obrigada a enviar seus mortos a Gurupi ou a Palmas. 


Basta um termo de cooperação entre os dois estados.  


Mas a burocracia em nosso país é grande, burra e sem piedade. 


Os impostos pagos pelos cidadãos não têm fronteira. Mas para os serviços essenciais, há fronteiras, há (in)responsabilidade de entes, há  brigas de egos e muito desrespeito.


Agora resta às comunidades de Goiás e do Tocantins “acocharem” seus prefeitos, secretários e governadores. 


Do jeito que está, não pode ficar. 


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