Novela global: a finalidade é divulgar ou denegrir o Tocantins?
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Por Jefferson Victor,
Quando anunciaram que a Globo faria uma novela com gravações no Tocantins, houve uma grande euforia nas redes sociais, todos imaginavam que era uma grande oportunidade para se divulgar as maravilhas do estado, e com isso desenvolver o turismo na região.
Os primeiros capítulos realmente mostraram lugares encantadores, como é o caso do Jalapão, local muito procurado devido suas belezas naturais.
A trama mostra uma vilã tentando de todas as formas apossar de umas terras ricas em esmeraldas, e para conseguir seus objetivos precisa trapacear e corromper um monte de gente, incluindo se aí instituições públicas.
O intrigante nisto tudo é que o Judiciário e a Polícia Civil estão sendo denegridos de forma inexplicável, há um delegado e um magistrado recebendo propinas e fazendo acordos mirabolantes para agradar a megera.
A novela tem cenas absurdas, mostram cenas de agressões a mulheres, tanto físicas como psicológicas.
O personagem Grael espanca seguidamente sua esposa, além disso, a mulher de um juiz corrupto comete crime de racismo, inclusive, usa o termo “preta “se referindo a uma doméstica negra a qual o filho do casal se apaixona por ela.
Segundo os roteiristas, esta é uma forma de se discutir o preconceito racial, porém, da forma como está sendo colocada, pode ter um efeito rebote, crianças e pessoas menos esclarecidas entendem aquilo como coisa natural, xingar e humilhar pessoas negras.
Acredito que a própria atriz provavelmente não está confortável com a maneira como é tratada, mesmo sendo apenas uma personagem, certamente por dentro ela deve se sentir atingida, mas se submete a isso para se manter no trabalho.
A cena mais intrigante é um juiz se submetendo aos caprichos da vilã, recebe propina e inclusive, assina sentenças redigidas pelo grupo de advogados da mesma, uma insinuação de que em Palmas parte da justiça é corrupta.
Por se tratar de um estado novo e cheio de problemas, a Globo deveria passar uma imagem de seriedade e confiança, uma maneira de mostrar ao mundo as suas atrações turísticas, porém essa imagem dos últimos dias é preocupante.
Nem todos que assistem possuem o poder de entender que se trata de uma ficção.
Além do mais, em várias cenas aparecem personagens fumando, uma desobediência a lei antifumo que proíbe propaganda de cigarros em qualquer veículo de comunicação.
Interpretação é uma coisa difícil, a Globo cria uma história pra prender a atenção dos espectadores, porém não há como controlar a faixa etária, crianças assistem normalmente e não possuem conhecimento suficiente para entender os fatos.
Se a novela tinha como finalidade publicitar o Tocantins, o que está acontecendo tem uma conotação diferente.
Quem não conhece o estado pode imaginar que delegados recebem propinas e que juízes vendem sentenças, isso porque pra muita gente, a novela é a realidade da vida no dia a dia.
Os críticos têm uma visão diferenciada dos pobres mortais, aos olhos deles as situações criadas são maneiras de mostrar o cotidiano de um povo, os preconceitos raciais e as corrupções do poder público, mas ao meu ver há exageros nas cenas e isso pode estar sendo prejudicial à imagem do Tocantins.